SAIBA MAIS SOBRE O CERRADO

 

 

                        Altair Sales Barbosa

                                  Dr em Antropologia/Arqueologia pela       

SMITHSONIAN INSTITUTION - WASHINGTON D.C.- EUA

 

 

 

Alguns elementos para sua caracterização

 

Os estudos sobre o Cerrado, enfatizando alguns dos seus aspectos abióticos e bióticos, sugerem que este domínio deva ser entendido como um Sistema Biogeográfico, composto por diversos subsistemas intimamente interatuantes. Os aspectos evolutivos dentro da paisagem geral da flora brasileira desperta a necessidade de se repensar os modelos de planejamento ambiental e organização do espaço utilizados até então. A área do cerrado cobre 2.000.000 Km2, situada nos chapadões centrais do Brasil e basicamente representando o ponto de equilíbrio entre os diversos “domínios” ou sistemas biogeográficos brasileiros, uma vez que conecta com a maior parte deles por meio de corredores hidrográficos, utilizados também como corredores de migração faunística.

 

INTRODUÇÃO

 

 

O Brasil possui sete grandes domínios morfoclimáticos e fitogeográficos, visto que a maior parte, em função de sua história evolutiva, de certa forma, mantém uma interdependência ecológica em que variados fatores exercem funções de amenizar, difundir, complementar e, às vezes, suprir o todo.

 

Esses domínios são os seguintes:

 

   Domínio Equatorial Amazônico, situado no Norte e Noroeste do país, que abrange os baixos platôs tabuliformes, as grandes planícies, subsetores momelonizados florestados e montanhas florestadas das encostas orientais andinas, até 600 metros de altitude. Constitui o grande domínio do Trópico Úmido, coberto pela floresta úmida amazônica.

 

   Domínio Roraimo-Guianense, situado como um enclave dentro do Domínio Equatorial Amazônico, na fronteira entre Roraima, Venezuela e Guianas. Constitui o domínio úmido tropical da Gran Sabana, coberto por vegetação campestre denominada campos do Rio Branco e Tumucumaque.

 

   Domínio das Caatingas, situado em áreas de depressões interplanálticas do Nordeste brasileiro, com clima de caráter semi-árido, drenagens intermitentes e sazonárias. Constitui o Domínio do Trópico Semi-Árido, coberto pela vegetação da caatinga, conhecido regionalmente por sertões secos.

 

   Domínio Tropical Atlântico, situado na fachada atlântica tropical do Brasil, desde as costas do Rio Grande do Norte até o Trópico de Capricórnio. Em seu limite sul, prolonga-se pelo interior, em áreas do oeste paulista e norte do Estado do Paraná. Constitui o Domínio Tropical da Mata Atlântica, de caráter úmido e superúmido.

 

   Domínio dos Planaltos Sul-Brasileiros, cobertos por um velho núcleo de araucárias, situado em áreas planálticas subtropicais atlânticas.

 

   Domínio das Pradarias Mistas Subtropicais, situado na metade sul do Rio Grande do Sul e grande parte do Uruguai. Constitui o Domínio das Coxilhas, com campos e florestas-galerias subtropicais.

 

   Domínio dos Cerrados, situado nos planaltos centrais do Brasil, onde imperam climas tropicais de caráter subúmido, com duas estações - uma seca, outra chuvosa. Constitui o grande Domínio do Trópico Subúmido, coberto por uma paisagem que constitui um mosaico de tipos fisionômicos e variam desde campos até áreas florestadas.

 

 

Estes sete domínios formam, na maior parte dos casos, intrincados sistemas ecológicos interdependentes. O Domínio dos Cerrados, dos chapadões centrais do Brasil, pela posição geográfica, pelo caráter florístico, faunístico e geomorfológico, constitui o ponto de equilíbrio desses variados domínios, uma vez que se conecta, por intermédio de corredores hidrográficos, com esses e com outros domínios continentais.

 

Os chapadões centrais do Brasil, cobertos pelo domínio fitogeográfico e morfoclimático dos cerrados, constituem a cumeeira do Brasil e também da América do Sul, pois distribuem significativa quantidade de água que alimenta as principais bacias hidrográficas do continente.

 

O Domínio dos Cerrados abrange os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Inclui a parte sul de Mato Grosso, o oeste da Bahia, oeste e norte de Minas Gerais, sul do Maranhão, grande parte do Piauí e prolonga-se, em forma de corredor, até Rondônia e, de forma disjunta, ocorre em certas áreas do Nordeste brasileiro e em parte de São Paulo. Ecologicamente, relaciona-se às Savanas, e há quem afirme que os cerrados são configurações regionalizadas destas. No Brasil, este tipo de paisagem recebe denominações diferentes, de acordo com a região: gerais, em Minas e Bahia; tabuleiro, na Bahia e outras áreas do Nordeste; e ainda campina, costaneira e carrasco, dependendo da região. Nenhuma dessas designações populares reflete sua totalidade ecológica, referindo-se apenas a uma modalidade fisionômica, às vezes, associada a uma ou outra configuração geomorfológica. No mesmo sentido, paradigma puramente botânico não tem sido suficiente para demonstrar a totalidade e a importância ecológica dos cerrados, já que destaca ou enfatiza apenas parcelas fragmentadas de sua composição. Quando isso acontece, o caráter da biodiversidade, elemento marcante da ecologia dos cerrados, não recebe a importância merecida, nem sequer pode ser compreendida em seus aspectos fundamentais.

 

Modernamente, a utilização do paradigma biogeográfico tem demonstrado ser um referencial de grande importância para que se possa entender o Domínio dos Cerrados, em sua globalidade. Compreendendo os diversos matizes, tanto abertos como ubrófilos, como subsistemas interatuantes e integrantes decisivos de um sistema maior, o conceito biogeográfico tem ressaltado a importância que os cerrados exercem para o equilíbrio dos demais biomas do continente, além de demonstrar que a principal característica da sua biocenose é a interdependência dos componentes aos diversos ecossistemas.

 

Os cerrados exerceram papel fundamental na vida das populações pré-históricas que iniciaram o povoamento das áreas interioranas do continente sul-americano. Na região dos cerrados, essas populações desenvolveram importantes processos culturais que moldaram estilos de sociedades bem definidas, em que a economia de caça e coleta imprimiu modelos de organização espacial e social com características peculiares. Os processos culturais indígenas, que se seguiram a este modelo, trouxeram pouca modificação à fisionomia sócio-cultural, e embora ocorresse o advento da agricultura incipiente, exercida nas manchas de solo de boa fertilidade natural existentes no domínio dos cerrados, a caça e a coleta, em particular a vegetal, ainda constituíam fatores decisivos na economia dessas sociedades.

 

A partir do século XVIII, o panorama regional começou a sofrer sensíveis modificações, com o incremento da colonização que se embrenha pelo interior do País, em busca de ouro, pedras preciosas e índios escravos. Nesse contexto, e a partir dessa data, surgiram os primeiros aglomerados urbanos e a exploração mais intensa dos recursos minerais que começava a se incrementar, já provoca os primeiros sinais de degradação. Findo o ciclo da mineração, a região dos cerrados permaneceu economicamente dedicada à criação extensiva de gado e à agricultura de subsistência.

 

Alguns desses modelos econômicos ainda subexistem em espaços localizados até os dias atuais, e outros modelos mais simples, baseados no extrativismo, são adotados por populações caboclas, habitantes atuais de espaços definidos.

O isolamento que a região manteve em relação às áreas mais populosas e  economicamente dinâmicas do Brasil, fez com que este quadro permanecesse basicamente inalterado, até meados da década de 1960, fato que a implantação de Brasília alterou consideravelmente, desestruturando os sistemas sociais implantados e causando entropias de ordem biológica.

 

O potencial agrícola que os cerrados demonstram, associado ao fato de ser uma das últimas reservas da terra capaz de suportar, de modo imediato, a produção de cereais e a formação de pastagens e ao desenvolvimento das técnicas modernas de cultivo, tem atraído recentemente grandes investimentos e criado modificações significativas do ponto de vista da infra-estrutura de suporte. O fato da não-exitência de uma política global para a agricultura tem provocado o êxodo rural e o crescimento desordenado dos núcleos urbanos. Todos esses fatores, em seu conjunto, têm provocado situações nocivas ao meio ambiente natural e social, com perspectivas preocupantes.

 

1 - O CERRADO COMO SISTEMA BIOGEOGRÁFÍCO

 

A região dos cerrados se enquadra, em sua quase totalidade, no interior da Província Zoogeográfica Cariri/Bororo de Melo-Leitão2 ou no Distrito Zoogeográfico Tropical, definido por Cabrera e Yepes3. Fitogeograficamente, porém, é tratada de forma particular, constituindo uma província própria; Província do Cerrado, definida por Cabrera e Willink.4 Da mesma forma, Rizzini,5 em sua divisão fitogeográfica do Brasil, dispensa o mesmo tratamento particularizado, incluindo-a na Subprovíncia do Planalto Central, embora seus limites não coincidam com os limites da Província de Cabrera e Willink.

 

A região dos cerrados não pode ser entendida como uma unidade zoogeográfica particularizada, porque não apresenta esta característica; tampouco pode ser considerada uma unidade fitogeográfica, por não se tratar de uma área uniforme em termos de paisagem vegetal. O mais correto é correlacionar os diversos fatores que compõem sua biocenose e defini-la como um Sistema Biogeográfíco. Um sistema que abrange áreas planálticas é o Planalto Central Brasileiro, com altitude média de 650 metros, clima tropical subúmido de duas estações, solos variados e um quadro florístico e faunítico extremamente diversificado e interdependente. A variada fauna dos cerrados,

 

que transita noutros domínios morfoclimáticos e fitogeográficos, por exemplo, a caatinga, tem sua maior concentração registrada nessa região ou nesse Sistema Biogeográfíco, em virtude das possibilidades alimentares que oferece durante todo ciclo anual.

 

Há um estrato gramíneo que sustenta uma fauna de herbívoros durante boa parte do ano, enquanto não está seco. A seguir, aparecem as flores que, durante uma determinada época, substituem como alimento as pastagens. O final das floradas coincide com o início da estação chuvosa, que faz rebrotar os pastos secos e a maturação de várias espécies frutíferas. Acompanhando os herbívoros e atrás, também, de recursos vegetais e animais, com outros hábitos, formam uma complexa cadeia. Em termos vegetais, este sistema é complexo e nunca pode ser entendido como uma unidade, pois há o predomínio do cerrado strictu sensu como paisagem vegetal, mas há também seus variados matizes, como campo e cerradão, além de formações florestadas, como matas e matas ciliares e ainda são comuns as veredas e ambientes alagadiços.

As áreas florestadas são constituídas pelas matas ciliares que ocorrem nas cabeceiras dos pequenos córregos e rios, em suas margens, como também se espalham em áreas mais extensas acompanhando as manchas de solo de boa fertilidade natural. Por exemplo, as matas do rio Claro e outras vertentes do Paranaíba e o chamado “Mato Grosso de Goiás”. As veredas e ambientes alagadiços são mais abundantes, a partir do centro da área nuclear (sudoeste de Goiás), em direção norte e leste para o sul e, à medida que se aproxima do pantanal matogrossense. as veredas tendem a desaparecer, ficando apenas os ambientes alagadiços com contornos diferenciados.

 

Nessa perspectiva, o Sistema Biogeográfico dos Cerrados pode ser subdividido em subsistemas específicos, caracterizados pela fisionomia e composição vegetal e animal, além de outros fatores, que apresentam a seguinte organização: Subsistema dos Campos, Subsistema do Cerradão, Subsistema das Matas, Subsistema das Matas Ciliares e Subsistemas das Veredas e Ambientes Alagadiços.

 

Essa diversidade de ambiente é um fator muito importante para a diversificação faunística, permitindo a ocorrência de animais adaptados a ambientes secos e, também, a ambientes úmidos. Da mesma forma, propicia tanto a ocorrência de formas adaptadas a áreas ensolaradas e abertas, como favorece a ocorrência de formas umbrófilas. Esses fatores atribuem ao Sistema Biogeográfico um caráter singular, distinguindo-o pela diversidade de formas vegetais e animais.

 

Estudos de paleoecologia demonstram que os limites modernos do Sistema Biogeográfico dos Cerrados não coincidem com os limites que deveriam ostentar durante o Pleistoceno Superior e Holoceno Inicial. Estes extrapolavam muito os limites da área core que hoje ocupa os chapadões centrais do Brasil, prolongando-se na forma de “línguas” e enclaves por grande parte da Amazônia Sul Americana, alcançando áreas localizadas até mesmo ao norte do rio Amazonas. Os mesmos estudos demonstram que, a par das regressões que este Sistema sofreu em direção ao centro do Brasil, simultaneamente, a expansão da floresta úmida foi, apesar disto, o sistema sul-americano menos afetado pelas oscilações climáticas do Pleistoceno Superior. Da mesma forma, no que diz respeito às modificações na biomassa animal, foi um dos sistemas sul-americanos menos afetado. Vale dizer que a fauna que o caracteriza modernamente, representa, quando comparada com outros domínios continentais, quase 50% da biomassa animal que caracterizava durante o Pleistoceno Superior e fases iniciais do Holoceno. Esse fato, apesar das proporções, é significativo quando comparado com a extinção animal que afetou outras regiões do continente durante o Pleistoceno Superior e fases do Holoceno que, em alguns casos, atinge a proporção de 98%.

 

 

1.1 Os Subsistemas do Sistema Biogeográfico dos Cerrados

 

Como foi mencionado, o Sistema Biogeográfico dos Cerrados não pode ser tomado como uma unidade homogênea, pois ostenta em seu domínio uma série de ambientes diversificados entre si, pelo caráter fisionômico e pela composição vegetal e animal. Estes ambientes constituem os seus subsistemas. Sua compreensão é de fundamental importância para se entender o sistema como um todo e o caráter da biodiversidade que ostenta. Esse sistema biogeográfico é composto por seis subsistemas interatuantes.

 

O Subsistema dos Campos, que ocupa as partes mais elevadas do sistema, apresenta morfologia plana denominada, regionalmente, chapadões ou campinas. Há forte ventilação durante quase todo o ano e a temperatura, em geral, é mais baixa que nos demais subsistemas. A rede de drenagem é insignificante. Às vezes, aparecem pequenas lagoas, algumas perenes. A vegetação é arbustiva esparsa e há uma composição graminácea intensamente distribuída pela área. Durante o Pleistoceno Superior, possivelmente, esse Subsistema abrangia espaços geográficos maiores.

 

Sua presença atual pode ser explicada por fatores estruturais do solo associados a microclimas especiais e ainda não totalmente refeitos da agressão climática do Pleistoceno Superior.

 

O Subsistema do Cerrado constitui a paisagem dominante do sistema. Ostenta um estrato gramíneo diferenciado do campo pela ocorrência de árvores de pequeno porte e aspecto tortuoso, o que se explica pela teoria do escleromorfismo oligotrópico. A rede de drenagem é boa e os solos são de baixa fertilidade natural, mas não são uniformes. Há formações de cerrado que ocorrem tanto em latossolos avermelhados como em solos arenosos, dos quais são exemplos o sudoeste de Goiás e o oeste da Bahia,  respectivamente.

 

Entre o Subsistema dos Campos e o Subsistema do Cerrado, há uma paisagem intermediária, designada, popularmente, campo sujo. Não se considera esta paisagem como um subsistema à parte, porque sua abrangência geográfica é pequena e, ecologicamente, mostra que as mesmas características dos dois subsistemas tendem, ora mais ora menos, para um ou para outro.

 

 

O Subsistema do Cerradão é, fisionomicamente, mais vigoroso que o Subsistema do Cerrado. As árvores atingem de 10 a 15 metros de altura e os solos demonstram maior fertilidade natural. Não há um estrato gramíneo forte como no cerrado e as árvores são mais encopadas. A rede de drenagem é bastante significativa. Antigamente, alguns botânicos classificavam esta paisagem como floresta xeromorfa, denominação que foi abandonada.

 

O Subsistema das Matas ocorre em manchas de solo de boa fertilidade natural que, às vezes, adquire a configuração de ilhas, meio a uma paisagem dominante de cerrado, conhecidas pelo nome de capões e podem formar áreas extensas, compactas e homogêneas, como era exemplo clássico do Mato Grosso de Goiás.

 

O Subsistema das Matas Ciliares ocorre nas cabeceiras dos pequenos córregos e rios acompanhando-os pelas suas margens em estreitas faixas. Essas faixas são muito variáveis quanto à configuração. Há locais em que se alargam em forma de bosque e outros onde praticamente desaparecem, como é o caso de algumas áreas do médio Tocantins.

 

No Subsistema das Veredas e Ambientes Alagadiços, as cabeceiras de alguns córregos e rios são, às vezes, caracterizados por ambientes alagadiços, decorrentes do afloramento do lençol de água ou ainda em virtude de características impermeabilizantes do solo. Neste locais, são muito freqüentes as veredas, que são paisagens nas quais predominam os coqueiros buriti e buritirana que, às vezes, se distribuem acompanhando os cursos d’água até a parte média de alguns rios formando uma paisagem muito bonita. Há um estrato inferior de gramíneas que se apresenta verde durante todo ano. Em alguns locais, o afloramento do lençol chega a formar verdadeiras lagoas, rodeadas por buritis Mauritia vinífera. Esta paisagem é mais freqüente do centro do Sistema em direção a norte e a leste. Quando se aproxima do pantanal matogrossense, sudoeste do sistema, as veredas tendem a  desaparecer, ao passo que as áreas alagadas aumentam.

 

O Sistema Biogeográfico dos Cerrados é limitado por uma série de complexas formas vegetacionais intermediárias que adquirem contornos específicos em direção à caatinga e outras configurações, em direção à floresta amazônica úmida.

 

No aspecto fisionômico e em muitos pontos da composição faunística, florística e de ocupação humana, as áreas com savanas da América do Sul, que aparecem nas Guianas, Venezuela e Colômbia, muito se assemelham ao Sistema do Cerrado e, se não fosse o caráter da descontinuidade, poderiam perfeitamente estar incluídas como um subsistema do mesmo sistema.

 

Quando a área de mata é degradada e aí se exerce alguma atividade de manejo do solo, abandonada em seguida, observou-se que aumenta, significativamente, a ocorrência de leguminosas num primeiro estágio. Em seguida, começam a surgir espécies típicas de matas. Em ambos os casos, não se observa a invasão dessas áreas por espécies de cerrado.

 

Constatamos também a retomada da mata nos seus aspectos originais em áreas onde, atualmente, ocorrem sítios arqueológicos e que foram degradadas para implantação de aldeias, por indígenas conhecedores da prática agrícola, com a abertura de clareiras para suas roças. Essas áreas, depois de abandonadas por essas populações, retomaram, com o passar do tempo, suas características primárias. Convém salientar que, nas áreas observadas, o período que separa a época do abandono pelas populações indígenas até os dias atuais é de 150 a 100 anos.

 

Outras observações nestas áreas demonstram que, quando degradadas, brotam de imediato um conjunto de espécies que representam antigos cultígenos como feijão — Phaseolus sp., algodão — Gossypium sp. e guariroba — Syagrus oleracea. Tal fato tem, inclusive, servido como indicador para localizar sítios arqueológicos correspondentes a grupos agricultores no centro do Brasil.

 

Costa Lima tem constatado a invasão de áreas, originariamente com vegetação de cerrado, por espécies de matas, sempre que essas formações ocorrem próximas e quando alguma atividade altera os componentes do estrato inferior da vegetação de cerrado como, por exemplo, o pisoteio do gado, sufocando o estrato gramíneo.

 

Quando a área de mata é degradada e aí se exerce alguma atividade de manejo do solo, abandonada em seguida, observou-se que aumenta, significativamente, a ocorrência de leguminosas num primeiro estágio. Em seguida, começam a surgir espécies típicas de matas. Em ambos os casos, não se observa a invasão dessas áreas por espécies de cerrado.

 

Constatamos também a retomada da mata nos seus aspectos originais em áreas onde, atualmente, ocorrem sítios arqueológicos e que foram degradadas para implantação de aldeias, por indígenas conhecedores da prática agrícola, com a abertura de clareiras para suas roças. Essas áreas, depois de abandonadas por essas populações, retomaram, com o passar do tempo, suas características primárias. Convém salientar que, nas áreas observadas, o período que separa a época do abandono pelas populações indígenas até os dias atuais é de 150 a 100 anos.

 

Outras observações nestas áreas demonstram que, quando degradadas, brotam de imediato um conjunto de espécies que representam antigos cultígenos como feijão — Phaseolus sp., algodão — Gossypium sp. e guariroba — Syagrus oleracea. Tal fato tem, inclusive, servido como indicador para localizar sítios arqueológicos correspondentes a grupos agricultores no centro do Brasil.

 

Costa Lima tem constatado a invasão de áreas, originariamente com vegetação de cerrado, por espécies de matas, sempre que essas formações ocorrem próximas e quando alguma atividade altera os componentes do estrato inferior da vegetação de cerrado como, por exemplo, o pisoteio do gado, sufocando o estrato gramíneo.

 

 

FAUNA

 

O entendimento sobre os aspectos ambientais do Cerrado exige uma análise integrada entre os elementos da fauna, da flora, do espaço geográfico e, como eles se relacionam com os demais componentes. Acredita-se que, a grande biodiversidade de fauna do Cerrado, está vinculada a diversidade de ambientes. Esta correlação permite vislumbrar o ambiente na sua totalidade, o que facilita o estabelecimento adequado de políticas ambientais para região. 

 

Geograficamente, a região dos cerrados situa-se em um local estratégico entre os domínios brasileiros o que facilita o intercâmbio florístico e faunístico.  Representado no centro do país, a sua área core, estende-se de um extremo ao outro, do Mato Grosso do Sul ao Piauí, em seu eixo maior, e limita-se, para oeste, com a Floresta Amazônica, para o leste e nordeste, com a vegetação da Caatinga, sendo acompanhada ao sul e sudeste pela Floresta Atlântica. Essas ligações favoreceram o delineamento de corredores de migração importantes, tanto por via terrestre quanto aquática.

 

Algumas espécies animais do Cerrado são limitadas a determinados tipos de habitats. Os espaços são bem definidos de acordo com a necessidade biológica de cada espécie. Esse condicionamento ao ambiente pode ser explicado pelo determinismo ambiental, imposto pela natureza através de recursos alimentícios, que condicionaram os animais especialistas a viverem em determinadas áreas em função do hábito alimentar. Um exemplo conhecido é o da espécie Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira), que se alimenta basicamente de cupins terrestres e formigas, abundantes em campos abertos.

 

            Para a região do cerrado, são apontadas para a avifauna 935 espécies que ocorrem em todo o sistema, distribuídas em diferentes habitats por todo o cerrado. Quanto aos mamíferos, foram listadas 298 espécies, e 268 espécies de répteis.

 

            A maturação dos frutos e a rebrota das gramíneas, fonte principal de alimento de um grande contingente de fauna, não ocorre de forma homogênea em todas as áreas de cerrado. A grande frutificação acontece durante os meses de novembro, dezembro e janeiro, época que coincide com o auge da estação chuvosa. A concentração desses recursos diminui, acompanhando o fim do período chuvoso. Entretanto, com exceção dos meses de maio e junho, considerados críticos no que se refere à oferta de alimentos, os demais meses que correspondem à época seca, mesmo em menor quantidade, apresentam alguns recursos, entre eles flores, raízes, resinas e alguns frutos.

 

            Os mamíferos dos cerrados podem ser observados durante todo o ano, principalmente os que vivem em áreas abertas. Todavia, a maior concentração dessas espécies em seus nichos alimentares se dá nos meses de setembro, outubro, novembro, dezembro e janeiro. Esta época coincide com a rebrota das gramíneas, que geralmente durante a estação seca por ação natural ou antrópica sofrem a ação do fogo e coincide também com a maturação dos frutos. Neste mesmo período acontece a revoada de insetos (mariposas e tanajuras), o que torna fartos os recursos para os mamíferos insetívoros.

 

            Grande parte desses animais estão se acasalando durante os meses correspondentes à estação seca. Isso significa que no período chuvoso vão estar com filhotes. Essa dinâmica da natureza revela a estreita relação entre a flora e a fauna dos cerrados.

            Infelizmente, a cada ano que passa, aumenta a lista dos animais ameaçados de extinção total.

 

A natureza dotou esta região de certos mecanismos naturais que garantem a multiplicação e a propagação das espécies. Existe uma estreita interdependência entre a fauna e a flora. O fator biodiversidade animal está diretamente relacionado à diversidade de ambientes. Estes, por sua vez, relacionam-se à variedade de espécies vegetais que se multiplicam sob a influência de fatores litológicos, edáficos e climáticos, de ordem regional e local.

 

Infelizmente, a falta de uma política séria para o meio ambiente, tem colocado em risco todo o patrimônio natural dessa região, marcada por processos intensos de ocupação desordenada dos espaços. A política desenvolvimentista aplicada no Brasil, principalmente no cerrado que é considerado a última grande fronteira para a produção de grãos, têm levado muitas espécies da fauna à extinção e consequentemente alguns exemplares da flora, em função da sua interdependência. Muitos animais da Megafauna (fauna gigante) já foram extintos dentro de um processo lento e natural, imposto pela evolução da natureza. Os animais modernos estão se extinguindo ou em vias de extinção, dentro de uma dinâmica proporcionada pela ação humana, muitas dessas espécies não alcançaram nem alcançarão o seu clímax evolutivo, pois a velocidade dos processos de degradação, supera em milhares de anos os fenômenos naturais.

 

 

OS AQUÍFEROS

 

            Outro elemento importante que deve ser considerado como conseqüência da degradação do cerrado, se refere aos aquíferos.

 

            Todos sabemos que o cerrado é a cumeeira da América do Sul , distribuindo águas para as grandes  bacias hidrográficas do continente. Isto ocorre, porque na área de abrangência do Cerrado, se situam três grandes aquíferos, responsáveis pela formação e alimentação dos grandes rios do continente: o aquífero Guarani, associado ao arenito Botucatu e a outras formações areníticas, mais antigas, que é responsável pelas águas que alimentam a bacia do Paraná. Os aquíferos Bambuí e Urucuia. O primeiro associado às  formações geológicas do Grupo Bambui e o segundo associado à Formação arenítica Urucuia, que em muitos locais está sobreposto ao Bambuí e em certos locais, há até o encontro dos dois aquíferos, apesar de existir entre os dois, uma grande diferença de idade. Os aquíferos Bambuí e Urucuia são responsáveis pela formação e alimentação dos rios que integram a bacia do São Francisco, Tocantins, Araguaia e outras, situadas na abrangência do Cerrado.

 

            Estes aquíferos, que se vem formando durante milhões de anos, de pouco tempo para cá não estão sendo recarregados como deveriam, para sustentar os mananciais. Isto ocorre, porque a recarga dos aquíferos se dá pelas suas bordas nas áreas planas, onde a água pluvial infiltra e é absorvida cerca de 70% pelo sistema radicular da vegetação nativa, alimentando num primeiro momento o lençol freático e lentamente vai abastecendo e se armazenando nos lençóis mais subterrâneos.

 

            Com a ocupação dos chapadões de forma intensa, que trouxe como conseqüência a retirada da cobertura vegetal, sua substituição por vegetações temporárias de raiz subsuperficial, a água da chuva precipita, porém não infiltra o suficiente para reabastecer os aquíferos. Conseqüência, com o passar dos tempos, estes vão diminuindo de nível, provocando num primeiro momento, a migração das nascentes, das partes mais altas, para as mais baixas e a diminuição do volume das águas, até chegar o ponto do desaparecimento total do curso d’água. Convém ressaltar, que este é um processo irreversível. 

 

 

OCUPAÇÃO HUMANA

 

Os Indígenas

 

Os Caçadores - Coletores

 

O registro da pré-história sul-americana demonstra intensa movimentação adotada por populações humanas nos sistemas andinos e pré-andinos, principalmente a partir de 12.000 anos A. P. (antes do presente). Essa movimentação coincide com mudanças ambientais maiores de cunho continental, com matizes localizadas, responsáveis por entropias nos sistemas físicos e culturais até então estruturados e por flutuações no espaço por parte desses sistemas, culminando com a redução de áreas com savanas e início de desertificação em certos setores, fatos que acentuam o processo de redução faunística, principalmente a fauna de gigantes na parte centro-norte ocidental do continente.

 

Parece claro que essas movimentações humanas estejam relacionadas com modificações de ordem ambiental, mesmo que essas sejam mediatizadas pela cultura. Os sistemas culturais são, de certa forma, desestruturados, e as populações são impulsionadas a buscarem novas formas de planejamento ambiental/social e novas alternativas de sobrevivência. Nesse contexto, as áreas abertas, representadas especialmente pelos cerrados ainda existentes em manchas significativas nos baixos chapadões da Amazônia, devem ter exercido papel fundamental no favorecimento de novas expectativas de sobrevivência e novos arranjos culturais, desencadeando os processos iniciais de colonização das áreas interioranas do continente.

 

Essa colonização dá-se preferencialmente em áreas de formações abertas. O início acontece de forma acanhada, mas algum tempo depois, já é possível constatar a formação de um horizonte cultural fortemente adaptado às novas condições ambientais, principalmente quando se aproxima da grande área das formações abertas, existente nos chapadões centrais brasileiro, cujas características físicas e biológicas mantêm-se com alteração pouco significativa quando comparada com modificações que afetaram outros biomas continentais durante o Pleistoceno Superior e fases iniciais do Holoceno.

 

Os estudos sobre a indústria lítica que compõe esse grande horizonte cultural que se forma nos cerrados, quando comparados com outros sobre as indústrias líticas do continente, situadas mais a oeste e mais recuadas temporalmente, parecem demonstrar que alguns traços tecnológicos são mantidos, porém aperfeiçoados de forma sui generis , originando uma indústria também bastante singular e assustadoramente homogênea. Processo quase que similar ocorre com relação à economia de subsistência.

 

O estudo de algumas áreas cujos vestígios estão preservados demonstra, quando comparadas às áreas do oeste, uma tendência crescente à generalização que, em pouco tempo, difunde-se como sistema econômico básico.

De onde vieram esses povoadores iniciais é um problema para o qual ainda não se tem muita clareza, mas algumas áreas do oeste merecem mais atenção que outras, porque podem ter funcionado como centros dispersores. O estudo comparativo de variáveis bem definidas inevitavelmente conduzirá a algumas respostas.

 

Nesse sentido, o horizonte cultural que se formou nas savanas e formações xerófilas, na área andina, representado principalmente pelas áreas nucleares de El Abra e Ayacucho, cujas explorações das formações abertas já apontam elementos muito significativos, devem converter-se num ponto de investigação inicial.

 

Entre 12.000 e 11.000 anos A. P., dois sistemas ocupacionais bem definidos já estão definitivamente implantados no interior do continente. Trata-se da Área Nuclear do Vale do Guaporé, nas quebradas do planalto brasileiro, cuja cobertura vegetal é caracterizada pelos cerrados, e a região das Coxilhas Gaúchas, cujas ocupações se relacionam com as ocupações das Estepes Patagônicas, formando com esta um horizonte cultural descontínuo.

 

As ocupações das coxilhas gaúchas não demonstram nenhum tipo de relacionamento com as ocupações que se instalam imediatamente nos cerrados dos chapadões centrais do Brasil. Pelo contrário, estão mais relacionadas com as ocupações das estepes patagônicas, com processos evolutivos similares e muito diferente dos processos adotados ou desenvolvidos pelas ocupações que formam o Grande Horizonte Cultural dos Cerrados.

 

Já as ocupações do vale do Guaporé guardam ligeiras relações tanto com as ocupações das savanas, localizadas mais para oeste e mais antigas, como com as ocupações localizadas nos cerrados do leste, instalados em épocas ligeiramente mais recentes. A indústria lítica demonstra certa transição evidenciada por uma desestruturação, e por uma posterior adaptação exitosa.

 

Esse esquema explicativo seria perfeitamente compreensível se já não existisse no interior, em ambiente similar, o registro das áreas ocupadas de São Raimundo Nonato e Lagoa Santa. Não tomando em consideração a área de Central, na Bahia, em virtude de as informações serem prematuras. A questão, entretanto, pode ser resolvida por uma das duas formas seguintes:

 

1- Se a época das ocupações dessas áreas for realmente anterior à ocupação das áreas dos cerrados dos chapadões centrais do Brasil, é possível que as populações que alcançaram São Raimundo Nonato e Lagoa Santa não migraram pelo cerrados dos chapadões centrais, pois seus vestígios não foram encontrados nessa região, ou, se migraram, os vestígios estão mascarados com a indústria que constitui a tradição Itaparica. Quanto à primeira hipótese, apesar da amostragem ser significativa, os espaços não foram esgotados e as escavações não avançaram em profundidade suficiente, portanto ainda não se tem elementos definitivos para confirmá-la, embora a maior parte dos dados direcionem neste sentido. Quanto à segunda hipótese, a análise minuciosa e comparativa do material proveniente de pelo menos três áreas nucleares da tradição Itaparica: Serranópolis e Caiapônia, em Goiás, e Gerais, na Bahia, não a confirma;

 

2- Se a antiguidade das ocupações de São Raimundo Nonato e Lagoa Santa for anterior às ocupações dos cerrados, e se a migração não se deu por esse ambiente, é possível que as populações atingiram essas áreas por via das caatingas, migrando ao longo das depressões do rio Amazonas pelas duas margens, assentando-se de forma mais duradoura em São Raimundo Nonato e posteriormente em Lagoa Santa , cuja migração efetuou-se pelas caatingas da depressão Sanfranciscana. A inexistência de vestígios entre São Raimundo Nonato e Lagoa Santa, situados nessa faixa cronológica, bem como a inexistência dos mesmos vestígios na depressão amazônica e a falta de cronologias mais antigas no oeste do continente não corroboram essa afirmação.

 

A possibilidade da migração via formações abertas da Venezuela e Guianas esbarra nos mesmos obstáculos para comprovação. Assim, de acordo com os dados disponíveis até o presente momento, envolvendo amostragem significativa em Mato Grosso do Sul, quase a totalidade de Goiás, grande parte do Tocantins, oeste da Bahia e grande parte de Minas Gerais, a ocupação efetiva do interior do continente sulamericano, inicia-se com a implantação do Horizonte Cultural dos Cerrados a partir de 11.000 anos A. P.. Esse horizonte é caracterizado por uma indústria lítica muito homogênea, que constitui a tradição Itaparica, intimamente ligada às formas de exploração dos cerrados, com mecanismos adaptativos responsáveis por um sistema econômico, que perdura por dois mil anos quase sem alteração, a não ser aquelas decorrentes da migração.

 

As populações detentoras da tecnologia que criou a indústria que constitui a tradição Itaparica colonizaram uma área de grandeza espacial com cerca de dois milhões de quilômetros quadrados: desde Mato Grosso, Goiás, Tocantins, até áreas com cerrados no oeste da Bahia, norte e oeste de Minas Gerais e áreas com enclaves de cerrados em ambientes dominados por caatingas do nordeste brasileiro, notadamente Pernambuco e Piauí. Essas localidades, em conjunto, revelam o alcance dessa tradição e a maneira homogênea de organizar o espaço; também revelam a importância que o Sistema Biogeográfico dos Cerrados exerceu nesses processos iniciais de ocupação por populações humanas.

 

O panorama do povoamento das áreas centrais do continente sul-americano começa a se definir a partir de 11.000 anos A.P. e, para tal, contribui em muito o advento no Planalto Central do Brasil de um complexo cultural denominado pela arqueologia. "tradição Itaparica".

 

Há 10.000 anos, essa tradição está implantada sobre mais de dois milhões de km2. É quase certo que ela cobriu a área dos cerrados dos chapadões centrais do Brasil e suas extensões. Pelos processos a que estão associada, sua implantação na área reveste-se num marco referencial de fundamental importância para compreender os processos culturais que caracterizam o alvorecer do povoamento humano nas áreas centrais da América do Sul.

 

Por volta de 9.000 anos A. P., ou um pouco mais tarde, essa cultura perde suas características básicas, representadas pela adoção de artefatos bem trabalhados e se transforma em indústria de lascas, com poucos retoques, assinalando uma nova tendência à especialização.

 

Os estudos arqueológicos têm demonstrado uma íntima relação entre a cultura da tradição Itaparica e a área dos cerrados. O nível dessa relação é evidenciado não só pelo manejo paleoecológico, mas também pelos restos de alimentos associados a essa cultura encontrados nas escavações arqueológicas e a própria distribuição dos sítios arqueológicos. Resta, portanto, esclarecer a seguinte questão: o que tem esse bioma de especial, para atrair populações com economia de caça e coleta, favorecendo ocupações duradouras e homogêneas? Tentou-se responder essa indagação cruzando algumas informações:

 

Clima - Com relação ao clima, tanto em relação aos limites atuais como aos limites antigos, a área do Sistema Biogeográfico dos Cerrados se caracteriza pela falta de excessos e por um ciclo climático, e em consequência, também biológico, bastante homogêneo, fato que permite às populações humanas de economia simples a adoção de um planejamento também homogêneo.

 

Geomorfologia - Tanto nas áreas atuais como na periferia dos seus limites antigos, há grande ocorrência de abrigos naturais, elemento fundamental para esses grupos humanos em determinada época do ano.

 

Recursos vegetais - O Sistema Biogeográfico dos Cerrados fornece fibras, lenhas, folhas ásperas que são utilizadas para acertar superfícies, palhas de palmeiras para cobertura de abrigos etc. Mas o importante a ressaltar nesse item é que, de todos os sistemas biogeográficos da América do Sul, esse é o que fornece maior variedade de frutos comestíveis. E embora a maturação da maior parte esteja relacionada à época da estação chuvosa, a grande variedade possibilita a distribuição regular de muitas espécies durante todo o ano.

 

Recursos animais - Com relação aos recursos animais, resolveu-se buscar algumas respostas correlacionando os mapas com a vegetação dos cerrados e os contornos das províncias zoogeográficas da América do Sul estabelecidas por Cabrera e Yepes e Melo Leitão. Desse estudo, constatou-se estreita relação entre uma fauna bastante peculiar que caracteriza essas províncias zoogeográficas, com as áreas de vegetação aberta, cerrado, caatinga e áreas de transição. Também se constatou, e isso é um dado importante, que, embora essa fauna peculiar transite nesses ambientes, é na área de vegetação dos cerrados, que se dá sua maior concentração. Os elementos para explicar esse fato são a ocorrência do estrato gramíneo, flores e frutos e a diversidade de ambientes que caracterizam o Sistema dos Cerrados, permitindo o estabelecimento de uma complexa cadeia biológica.

 

Processos de adaptação - O fato de existir uma fauna que elege os cerrados como ambiente prioritário, associado à grande variedade de frutos, ocorrência de abrigos naturais e clima sem excessos, exerceu papel importante na fixação de populações humanas, bem como no desenvolvimento de processos culturais específicos.

 

 

Os Horticultores

 

A região dos cerrados é um ponto de encontro entre a Amazônia, o Nordeste e o Sul. O planalto, revestido de cerrado, é recortado pelos rios das três grandes bacias brasileiras (do Amazonas, do Paraná e do São Francisco), acompanhadas de matas de galeria, ora mais ora menos largas. No encontro dos rios das três bacias, formou-se uma extensão maior de floresta, conhecida como Mato Grosso de Goiás. As áreas de matas oferecem solos para cultivos, a serem instalados no começo das chuvas de verão, o Cerrado é muito rico em caça e em grandes variedades de frutos que podem complementar a agricultura no começo das chuvas; os rios proporcionam muito peixe no começo da estação seca.

 

Muito antes dos horticultores ceramistas, os caçadores/coletores pré-cerâmicos se haviam esparramado pelo território, utilizando os recursos de acordo com suas necessidades e em conformidade com sua tecnologia. Não se tem ainda nenhuma idéia de quando e como se instalaram os cultivos. Aparentemente, eles não surgiram nessa área, porque as diversas tradições tecnológicas até agora estudadas pertencem a horizontes mais amplos, e as datas mais altas para horticultores já instalados se encontram fora da região. Faz exceção a tradição Uru, até agora só conhecida no oeste de Goiás, mas que certamente ultrapassa os seus limites em direção a Mato Grosso do Sul. Os cultivos poderiam ter chegado através da migração de grupos horticultores, ou pela aculturação dos caçadores/coletores anteriormente aí presentes, que os poderiam ter recebido de vizinhos. É possível que ambos os fenômenos tenham ocorrido.

 

Certamente, não se pode mais resumir todo o jogo do povoamento em deslocamentos de grupos já prontos, porque sobra a pergunta: onde estes se formaram? Certamente, como nas outras áreas do mundo, os sistemas agrícolas desenvolvidos por populações indígenas, como as do Brasil Central, são o resultado final de um longo processo de experimentação, de coleta, cultivo e domesticação, desenvolvimento e empréstimo de técnicas de um ajustamento da sociedade. Talvez a transição do período úmido e quente do altitermal para um período mais seco e ameno fosse a ocasião de povoamento. O fato é que no centro do Brasil, ainda se desconhece por completo todo o processo, e depois dos antigos caçadores, se encontram de repente, já formados, os grupos horticultores ceramistas num tempo em que o ambiente supostamente já era o atual. O mais antigo, até agora detectado, é o da fase Pindorama, supostamente horticultor, que já tem cerâmica ao menos desde 500 anos A C.. Depois, aparece a tradição Aratu/Sapucaí, a Una, a Uru e a Tupiguarani.

 

As diferentes tradições (cerâmicas) de horticultores exploram ambientes e cultivos diversos. A tradição Una coloniza vales enfurnados, geralmente pouco férteis, com predominância de cerrados, usando como habitação os abrigos e grutas naturais, e como economia, uma forte associação de cultivos, onde predomina o milho, com a caça e com a coleta. Imagina-se que a população se distribuía em pequenas sociedades, mais aptas para explorar os recursos diversificados que poderiam alcançar, do seu ponto de instalação, o rio próximo, a pequena mata de galeria, o Cerrado e muitas vezes o campo no alto do chapadão. Esse ambiente não é disputado pelos grupos que constróem suas aldeias em áreas abertas.

 

Os primeiros aldeões conhecidos são os da tradição Aratu/Sapucaí. Seu domínio são os contrafortes baixos das serras do centro-sul e leste de Goiás, especialmente as áreas férteis e mais florestadas do Mato Grosso de Goiás, onde podem instalar uma economia mais fortemente dependente de cultivos, mas provavelmente sem dispensar a exploração dos frutos do Cerrado, a caça e a pesca. Sua população é numerosa e nenhum outro grupo conseguiu infiltrar-se no seu território, que, por seus recursos, deveria ser muito ambicionado. Suas aldeias populosas poderiam permanecer longamente no mesmo lugar, e quando era desejado, poderiam se deslocar para um espaço próximo, porque o território era fértil e estava sob domínio. Também o sistema de cultivo, baseado em tubérculos e provavelmente no milho, pôde resistir aos avanços dos grupos mandioqueiros da tradição Uru e Tupiguarani.

 

A tradição Uru chega mais tarde e domina o centro-oeste do estado de Goiás. Avançando ao longo dos rios, ocupa terrenos mais baixos, provavelmente de pouca utilidade para os aldeões que haviam se instalado antes, porém, mais importante para eles por causa da locomoção e principalmente da pesca. Desta forma, se criou entre os dois grupos uma fronteira bastante estável, talvez nem sempre pacífica, onde aparentemente a tradição Aratu é mais receptiva, aceitando elementos tecnológicos selecionados, entre os quais não está a mandioca e seu processo de transformação, aceito apenas em locais restritos.

 

A tradição Tupiguarani parece a mais recente das populações aldeãs. Tendo um certo domínio sobre o vale do Paranaíba, a partir dele acompanha os afluentes, indo acampar nos abrigos anteriormente habitados pela tradição Uru. Também tem aldeias dispersas na bacia do Alto Araguaia, mas aparentemente sem muita autonomia, convivendo às vezes na mesma aldeia com grupos horticultores de outras tradições. O Tupiguarani da bacia do Tocantins tem as aldeias ainda mais dispersas e recentes, como se realmente fossem, tal qual se imagina, populações vindas já no período colonial, e que por isso, enfrentariam não apenas os demais índios aldeões já instalados, mas também os colonizadores brancos que os teriam trazido.

 

Se a tradição Uru e a tradição Tupiguarani, mandioqueiros, parecem mais próximas às culturas amazônicas, embora talvez não tenham procedência imediata de lá, a tradição Aratu/Sapucaí faz parte de uma tradição mais de Centro-Nordeste. A tradição Una, com menos domínio sobre as áreas abertas, disputadas pelos aldeões da tradição anterior, se comprime numa faixa entre estes e as populações coletoras-cultivadoras do planalto meridional, tradicionalmente conhecidas por suas aldeias de casas subterrâneas. Não obstante essa sua posição marginal, é nela, fora da Amazônia, que estão as datas mais antigas para a cerâmica. Talvez seja uma forma de cultura anterior ao desenvolvimento dos aldeões e, quem sabe, a origem deles.

 

Talvez com exceção do Tupiguarani, os representantes das outras tradições viveram no território durante séculos sem muita movimentação, como numa terra que era deles; entre 70 e 100 gerações de horticultores sem maiores mudanças, a não ser as novas adaptações de fronteiras, onde populações mais antigas aceitam novas tecnologias recém-vindas.

 

E assim viviam, até o dia em que irromperam na área, em grandes destacamentos armados, homens diferentes, não interessados em plantar, colher e caçar, nem em construir aldeias entre o Cerrado e a mata, ou à beira da lagoa ou do rio. Queriam levar gente, pedras brilhantes e ouro. Para muito longe. Primeiros anos do século XVIII.

 

Era o caos. As roças foram pilhadas, as aldeias demolidas, as mulheres violentadas, as terras de cultivo invadidas, as pessoas morrendo de doenças desconhecidas. A guerra foi a solução ditada pelo desespero. A derrota, o aldeamento, a desmoralização, a extinção ou a fuga, as consequências.

 

 

A Ocupação Humana não Indígenas após a Revolução Verde

 

            De todos os grandes domínios morfoclimáticos e fitogeográficos brasileiros o cerrado tem sido o domínio que mais transformações vem sofrendo nos últimos anos. Não só transformações das técnicas de produção, porém muito mais profundas, são as transformações culturais, que tem afetado o próprio sistema de vida das populações, desestruturando os valores e, muitas vezes, provocando um vazio, não repondo algo que venha a preencher o espaço deixado pelos elementos que foram ou estão sendo destruturados.

 

Os antigos núcleos urbanos, quase todos originados em torno de atividades mineradoras, principalmente os do início do século XVIII vêem-se, de repente transformados em pólos regionais de inovações e agenciadores de “mudanças radicais” nos sistemas de relações, com seus inúmeros serviços, quase todos voltados para atividades agro-industriais, e com preocupações imediatistas.

 

A criação de Goiânia, posteriormente Brasília, paralelamente ao desenvolvimento do sistema viário e ao processo de modernização da agricultura, vieram contribuir com certa radicalização nas modificações dos fatores até então estruturados, rompendo em estilhaços seus traços mais tradicionais. Alguns modelos tradicionais de interação homem-ambiente, em virtude do isolamento de certas áreas persistem até os dias atuais, como certos enclaves do oeste da Bahia, sul do Piauí e Maranhão, em muitos pontos do Vão do Paranã, e margem direita do Tocantins. Com a implantação desse novo Estado e a construção de sua capital Palmas, uma  nova “onda” de modificações significativas, já tiveram seus processos iniciais.

 

Até bem pouco tempo as áreas do Sistema Biogeográfico dos Cerrados, não eram muito valorizadas, nem procuradas para implantação de grandes atividades agropastoris. As suas partes mais intensamente ocupadas eram restritas ao subsistema de matas, ou seja, áreas florestadas  que existem dentro do sistema e que estão sempre associadas a  solos de boa fertilidade natural. Por isso essas áreas foram as primeiras a receberem o impacto de uma degradação maior. Ao seu lado em escala menor, podem ser citadas as áreas que compõem o subsistema Cerradão e as Matas-Galerias.

 

As demais áreas que constituem as maiores superfícies do sistema, como o Subsistema do Cerrado, do Campo, das Veredas e Ambientes Alagadiços, em virtude das características dos seus  solos, não favorecem de imediato uma ocupação intensiva  com o desenvolvimento de práticas agrícolas desenvolvidas. Essas áreas uotrora ocupadas pelo criatório extensivo que tinha como suporte uma pastagem nativa, cujo teor alimentício estava condicionado a sazonalidade climática, o que obrigava os rebanhos a migrações longas, e durante a estação seca eram conduzidos para as “veredas’ onde  a umidade mantinha verdejante a pastagem mesmo no auge da seca. Entretanto, essas áreas de veredas não ocupam grande extensão e na época da estação chuvosa, em função de muitos fatores, não é propícia a ocupação por rebanhos. Nesta época chuvosa o rebanho pode ser  transportado para as áreas mais elevadas ( campos e cerrado). Esse fator das migrações sazonárias é responsável por um sistema pastoril  que exige grandes extensões de terras, que poderiam ser compradas, arrendadas ou simplesmente ocupadas na forma de posse ou “fechos”.

 

Com a utilização do calcário para  a correção da acidez do solo, a introdução do arado e sistemas mecânicos de desmatamento e também a facilidade de irrigação transformou essas áreas , anteriormente impróprias para atividades agrícolas, em terras  produtivas outrossim, a  substituição das pastagens nativas por espécies estrangeiras modificou radicalmente o quadro pastoril.

 

Os impactos sobre o ambiente causado por esse novo modelo de ocupação são visíveis e podem ser caracterizados pelos itens seguintes:

 

·         Empobrecimento genético;

·         Empobrecimento dos ecossistemas;

·         A destruição da vegetação natural;

·         Propagação de ervas exóticas;

·         A extinção da fauna nativa;

·         Diminuição e poluição dos mananciais hídricos;

·         Compactação e erosão dos solos;

·         Contaminação química das águas e da biota;

·         Proliferação de doenças desconhecidas etc.

 

 

Estes fatores em conjunto geram inúmeros outros que, por sua vez, funcionam como agentes de atração populacional e modificações significativas do ambiente. Como exemplo, a demanda de energia que exige a formação de grandes reservatórios e usinas geradoras, que criam inúmeras frentes de trabalho, diretas e indiretas, acarretando entropias de grande alcance  natural e social.

 

Assim é que no inicio do século XXI, encontra-se em suspenso o destino do cerrado.

 

Se as próximas décadas trarão sua ruína ou salvação, ainda não se pode dizer.

 

Embora sejam grandes as lacunas no nosso conhecimento, dispomos de informações suficientes para impedirmos uma degradação irreversível.

 

O que se pode afirmar é que enquanto o desejo de explorar o cerrado tiver raízes estrangeiras, a possibilidade de um programa racional de desenvolvimento será nula.

 

Esta perspectiva é ainda mais trágica porque só o Homo-sapiens-sapiens entre todos os seres vivos, é que tem a capacidade de encarar o seu meio ambiente dentro de uma escala mais abrangente, não se limitando à duração de uma vida. Quando analisamos as atividades humanas dentro da perspectiva do tempo geológico, somos forçados a reconhecer o que está acontecendo na biosfera do cerrado, hoje em dia, nada tem de comum. De fato, desde que os organismos primordiais desenvolveram a capacidade de liberar oxigênio, há centenas de milhões de anos, nenhuma das espécies novas desenvolveu a habilidade de alterar as condições de adaptação da vida sobre a terra. Os continentes mudaram de forma, as geleiras avançaram e recuaram, os mares se ergueram, algumas montanhas submergiram e os pólos se deslocaram, mas os parâmetros físicos e químicos permaneceram essencialmente os mesmos.

 

Agora, de repente, novos compostos químicos em concentrações anormais, estão sendo lançados na água, no solo e no ar. Do mesmo modo que as populações indígenas do cerrado foram quase que exterminadas pelas doenças do Velho Mundo, assim também as plantas e os animais que evoluíram durante centenas de milhões de anos são incapazes de enfrentar produtos químicos estranhos, introduzidos bruscamente no seu habitat.

 

Conhecendo de uma maneira geral como opera a seleção natural, podemos predizer com toda a segurança que das milhões de espécies que restaram, poucas serão pré-adaptadas às novas condições, mas nada garante que o Homo-sapiens-sapiens venha a figurar entre os sobreviventes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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